Lara Santos

Chá Verde ou Matcha?
É comum um alimento “milagroso” entrar e sair de moda. Vamos entender porque o consumo do chá verde não deveria ser uma moda.

Após a pandemia, o turismo no Japão aumentou influenciado pela moeda fraca do país, tornando-o um destino atraente e elevando a demanda por produtos japoneses, dentre eles o consumo de chá verde. Mas essa demanda crescente, combinada com safras menores devido às ondas de calor e tarifas dos Estados Unidos sobre o Japão, também está elevando os preços do matcha.
Nessa globalização da planta que origina os dois (a Camellia sinensis) é importante entender que o chá verde e o matcha são coisas diferentes. A principal diferença reside no processo de produção e no modo de consumo. O matcha é um pó finamente moído de folhas de chá verde cultivadas na sombra, consumido em rituais japoneses, enquanto o chá verde tradicional é feito por infusão de folhas secas.
A Camellia sinensis pode originar diversos tipos de chá e seu consumo é alvo de muitas pesquisas. Muitas delas já estabeleceram a proteção que o chá verde e outros chás podem proporcionar contra diferentes tipos de câncer, como o de pulmão, próstata, pele, fígado e mama. Para além das suas propriedades anticancerígenas, também tem sido documentados efeito hipocolesterolêmico, anti-angiogênico, antitrombótico e anti-mutagênico. No caso das doenças relacionadas com a idade, o chá verde e outros chás demonstraram oferecer uma defesa notável contra as doenças de Parkinson e Alzheimer. O chá demonstrou também efeitos antidiabéticos em ensaios pré-clínicos e estimulou o gasto energético, o que pode potencializar a perda de peso.
Outros créditos valiosos incluem atividades antibacterianas, antiobesidade, antifúngicas, anti-fotoenvelhecimento, antivirais e anti-inflamatórias. Devido ao seu elevado teor de antioxidantes, o chá verde é utilizado como suplemento nutricional ou auxiliar nutracêutico, e como componente de emulsões antienvelhecimento, cosméticos, máscaras, entre outros. No entanto, os resultados das investigações clínicas e epidemiológicas sobre a relação entre o consumo de chá verde e a saúde do organismo são bastante diversos. Por exemplo, resultados muito discrepantes podem aparecer se for desconsiderado o estilo de vida dos indivíduos, fatores socioeconômicos e pela técnica inadequada de preparo.
Por isso, se for consumir acreditando em milagres, é melhor pensar num consumo com tradição no preparo, atenção plena na degustação e um estilo de vida com alimentos significantes, preparados com propósito e não somente pelos modismos atuais.
REFERÊNCIAS
Como a alta demanda por matcha está esgotando os estoques mundiais. https://www.bbc.com/portuguese/articles/czr6gv07644o
CHAUDHARY, Priya et al. Camellia sinensis: insights on its molecular mechanisms of action towards nutraceutical, anticancer potential and other therapeutic applications. Arabian Journal of Chemistry, v. 16, n. 5, p. 104680, 2023.
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